"O desábito de vencer
não cria o calo da vitória;
não dá à vitória o fio cego
nem lhe cansa as molas nervosas".
João Cabral de Melo Neto
Os versos de João Cabral me trazem um desejo covarde. João Cabral era torcedor do América de Pernambuco, Mequinha. Esse time, detentor de seis títulos estaduais, completou um centenário apanas com essas glórias. Com o passar do tempo, o time foi perdendo campo, jogos, prestígios e torcedores. Se a seleção brasileira fosse um América, minhas coronárias estariam descansando. As molas nervosas estariam estáticas. Nenhum frenético movimento desafiaria a minha paz. Covardia debalde!
O problema é que o Brasil não tem o hábito de perder. Nossa seleção nunca abriu mão dos louros da vitória. Sabemos que perder é se reconhecer incompleto. Sabemos que a derrota nos distancia da ambição cega, da presunção e da arrogância. E ainda dirão: quem perde, parece estar mais apto a reconhecer os erros e a valorizar os sonhos. Tudo isso não serve de consolo para um torcedor brasileiro.
A nossa seleção é feita de vencedores e de torcedores que possuem molas nervosas bem cansadas. Hoje, não teremos Neymar, o nosso talismã, mas teremos um time de operários trabalhando pela vitória diante da Alemanha.
A nossa seleção é feita de vencedores e de torcedores que possuem molas nervosas bem cansadas. Hoje, não teremos Neymar, o nosso talismã, mas teremos um time de operários trabalhando pela vitória diante da Alemanha.