Há de se ter nervos de aço e coração sadio para ser o camisa doze de um clube de futebol. A paixão, sentimento transitório, contraria a muitos completando cem anos em Pernambuco. Não temos mais a bola pesada, os uniformes bem compostos e a paz tão desejada dentro e além dos gramados. Porém ainda se celebra o desejo de vitória tanto pelos alvirrubros como pelos rubro-negros.
Não importa se o Náutico e o Sport farão o jogo dos desesperados, não importa se os dois clubes não encabeçam as matérias esportivas do nosso país. O que de fato está em jogo é um prazer secular que reúne a família diante de uma TV ou mesmo no estádio do seu clube. O time que torcemos também diz quem somos. O clube escolhido faz parte dos nossos traços identitários. Por ele usamos as cores seculares com a camisa que costuma nos dar sorte. Há quem prefira criar mandingas ou assistir ao jogo sempre no mesmo lugar. Há até quem recorra a santo ou pai de santo.
Essa paixão atravessa o tempo e faz novos apaixonados. Avôs, pais, filhos e netos mantém a tradição de confiar numa legião de heróis que estarão na arena empurrados por outros timbus e leões. Não é à toa que chamamos esse encontro de clássico dos clássicos . Amanhã, na Ilha do Retiro, reviveremos a rivalidade e atualizaremos as nossas emoções.
Celebremos mais 100 anos de uma paixão transitória e eterna.
por Eduardo Tavares