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A SEGUNDA VIDA DO POVO BRASILEIRO

                Perdoe-me a generalização, mas a copa de futebol é a segunda vida do povo brasileiro. As ruas se vestem das cores da nossa ...

sábado, 3 de julho de 2010

Do paraíso ao inferno dantesco

 A seleção brasileira de futebol, depois de sentir o gosto efêmero do paraíso, prova do gosto quase perene do inferno. Como era previsível a descida ao inferno pelo grupo de Dunga! Como era clara a indesejável queda! Foi mais uma invasão holandesa em território tão dominado pelo nosso saudoso futebol arte. Resta agora expulsar a lembrança acre que teima em temperar as nossas participações em copa.
Começamos acreditando nas cores suaves e frias do paraíso. A seleção brasileira apresentou um bom futebol no primeiro tempo. Esboçava-se um futebol de magia. O gol de Robinho foi o símbolo dessa garatuja no tapete verde. Outros esboços se agigantavam: a crença de que somos temperamentais e a de que iríamos apresentar mais um capítulo  do futebol europeu importado por Dunga.
Veio o intervalo. Era um purgatório fora de ordem. Esperávamos algo melhor do que o resultado. Esperávamos ver em campo o D.N.A. dos nossos maiores astros. Então sonhávamos com o esboço das "pernas tortas",  com a leveza de um "galinho", com a inteligência de um médico, com os comandos de um "rei" e até com um certo "baixinho". Mas o tempo é outro, caro leitor.  
O paraíso desbotou no segundo tempo. O esboço de um futebol reconhecido e admirado pelo mundo era apenas um esboço. O jogo passou a ter  as cores quentes do inferno. A Holanda, laranja, jogava em cima dos erros dos brasileiros. Surgiam os vilões de cabeças quentes que adiariam mais um final feliz. Perder faz parte do espetáculo da vida. Não perdemos apenas ontem por 2 a 1 para a Holanda. Perdemos desde quando descaracterizamos o nosso futebol. Perdemos quando passamos a acreditar que o futebol europeu era uma lição própria para aquele que almeja ser campeão. Negamos o nosso D. N.A.. Esquecemos de que ainda somos pentacampeões e de que temos ainda muito a ensinar.
Ardia, nos olhos dos mais de 190 milhões de espectadores,  o futebol infernal e sem propósito de um brasil europeizado, de um brasil com atitude de ainda colonizado, brasil de letra minúscula e de futebol ainda mais minúsculo.  O futebol, essa metáfora da vida, ainda nos trará outros paraísos, purgatórios e infernos. Que venha logo o verdadeiro paraíso tropical.